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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

UM CAMIÃO CHAMADO “Samaritana”



Lá pela serra havia um camião que, em dias de feira levava o que excedia as necessidades das casas dos produtores, e trazia o que compravam no mercado. O camião vinha pela manhã cedo e regressava, já tarde e feira acabada.
O povo também aproveitava a camioneta para se “fazer transportar”, empoleirando-se nas mercadorias como podia.
Certo dia, em que ia muito carregada inesperadamente a Samaritana avariou!

O povo, embora não previsse grande demora, saltou logo do camião e foi caminhando.
Dos carros que passaram nenhum parou a oferecer ajuda.
Apenas um velho motociclo se deu ao cuidado de perguntar se havia algo em que pudesse ser útil?
« - Falta-me uma chave de bocas “18-19”!
«- - Vou ver se tenho uma!» Responde o motociclista.
E lá foi ver “no velho e oleoso trapo da ferramenta se algo havia. Mas não viu nada de prestável!
Sentindo-se incapaz de qualquer serventia o motociclista despediu-se e seguiu viagem!

A “Samaritana”



Entretanto o condutor da “SAMARITANA” notara o modo prestimoso do motociclista.
«- Por vezes há pequenas avarias mas ninguém se preocupa em prestar ajuda!» Pensou, prometendo a si mesmo que não voltaria a passar, por uma viatura avariada sem se certificar de que não havia nada em que pudesse ajudar!
Passados dias surgiu parado um assucatado automóvel. O condutor estava só!
« - Faz falta alguma coisa? Perguntou?
«- Obrigado!»
«- Acabou a “gasolina!»
«- Eu não tenho … e a “bomba” fica muito longe! « - Se fosse gasoil! Estava servido!... Mas gazoil não serve.
«-Não há nada a fazer!
E já a “a Samaritana” se preparava para seguir viagem, quando o motorista se lembra da promessa devida às viaturas avariadas na estrada” e volta à caixa de ferramentas.
« - Pode haver por lá qualquer coisa … «- Mas, nada! …Só viu a corda velha, negra, untada e … com mais emendas que corda! Mal servia para o trabalho de a lançar ao lixo.
E trata de amarrar o automóvel à “Samaritana” e lá vieram … não sem que recomendasse ao do automóvel:
« - Vamos devagarinho! Se a corda rebenta… Não há mais nada!
E o automóvel lá veio … a reboque!


A “Redenção”

A Redenção foi prometida ao mundo, muito tempo antes de Jesus vir até nós.
No Calvário, nos últimos momentos de vida, Jesus voltou a insistir na Redenção!
Dirigindo-se ao Pai Jesus voltou a falar na qualidade de “Messias e de Redentor de que falara o Anjo Gabriel à virgem Maria na Anunciação!
«- Perdoai-lhes Pai que não sabem o que fazem…!
Com este brado pediu Jesus ao Pai quando já pouco tempo de vida terrena Lhe restava, que perdoasse os pecados aos homens.
E o Pai do Céu fez-Lhe a vontade; e todos fomos redimidos dos pecados que tivéssemos até ao momento.
Pecados grandes ou pequenos; antigos ou recentes! O Pai concedeu perdão a todos em remissão absoluta!
E a Remissão dos pecados fez de Jesus nosso Redentor.

Os Teólogos antigos punham em dúvida a “Redenção” temendo que «o Homem jamais viesse a possuir meios capazes de remir a cruenta morte de Jesus!

Assim como a Samaritana leva tudo quanto há para “varrer”! Tudo quanto havia para varrer foi varrido – automobilista, automóvel, avarias, clientes, e mais que fosse…

A grandeza da Redenção, devida ao Amor de Deus pelo Homem, deixou “todos em
E o redimido logo passou a ter acesso às mais delicadas benesses do Paraíso..Corda velha e apodrecida, a boa vontade do motorista, tudo venceram resgataram com a velha “Samaritana”, o automóvel da sua promessa – a primeira viatura avariada que lhes apareceu.


m.c. santos leite

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O CEGO DO MAIO

«O Cego do Maio»
Monumento na Póvoa de Varzim

O “Cego do Maio” é personalidade de referência não só na Póvoa de Varzim como por todo o lado onde, poveiros, labutem.
José Rodrigues Maio durante a vida participou em inúmeros salvamentos; a Póvoa naquele tempo, e ainda hoje é fértil em tragédias e parca em meios de salvamento. A Igreja de Santana, ali, “voltada” ao mar poveiro, num expressivo azulejo, continua a pedir um P.N. e uma A.M pelas 105 vidas que o mar, particularmente revolto, a 17 de Fevereiro de 1882, ceifou.


Pescador, por humilde herança salvou, com abnegado heroísmo inúmeros companheiros; resgatados de morte certa.
Ao menor pedido, sua bateira, indiferente ao perigo, partia sem demora em auxílio do próximo; seus gestos de abnegado altruísmo e abnegada dedicação, estiveram a vida inteira ao serviço “do outro pescador”.
Mais tarde, cego e já velho, mantinha toda a dedicação à vida do mar; era-lhe grato o cheiro à maresia; o ouvir o bater da onda e o falar de poveiros e poveiras no ardor da faina.
Vinha sempre à praia, respirar o fresco e ouvir maresia e sentir o bater da vaga. Sonhava com pecadores em perigo. Perdido e achado, fincava-se no recanto do penedo onde nada o distraía do mar Não fora, surgir restos doutra bateira a dar à costa, arrastados pela vaga e ainda com vidas para salvar. Procurava distinguir o grito de companheiro náufrago, a quem fossem necessários urgentes meios de salvamento.
Ficava sempre por perto para melhor sentir o bulício da faina. Atento ao marulhar da onda.
Se os olhos já não o ajudavam … A falta de visão aguçara a sensibilidade dos sentidos; o ouvido e a atenção redobraram.


A memória do “Cego do Maio” tende a afastar-se da realidade, mas vem a lenda e ajuda.
Seus feitos memoráveis levaram a que Poveiros emigrados no Brasil tomassem a iniciativa de lhe dedicar um monumento na Póvoa. O Clube Naval poveiro patrocinou. A briosa classe piscatória, generosa cotizou e organizou quermesses e récitas, angariou fundos.
Depois de 1909 já o “Cego do Maio”, plasmado no bronze, eternamente atento, lá do alto do plinto, “podia voltar “a ver ao longe” o nosso mar”,!


O rei D. Luís agraciou o herói com as insígnias da «Ordem da Torre e Espada».


- Cego!
- Cego é aquele que não quer ver!
José Maio, intrépido, ultrapassando “cegueiras” e medos; viu no seu próximo a própria tábua de salvação, conquistando pelo heroísmo a fama que o impusera ao “bairrismo dos Poveiros”; Quer estejam na Póvoa, quer vivam espalhados pelo mundo, se orgulham do grande conterrâneo, José Rodrigues Maio.

José Rodrigues Maio, nasceu na Póvoa de Varzim 1817 onde f. 1884.
Era pescador.


m. c. santos leite

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SÃO JOÃO BAPTISTA


São João Baptista, depois de Jesus, foi um dos maiores homens da História.
Foi o grande “Percursor” de Jesus, de quem era “parente próximo, seis meses mais idoso que ele.
Antecipou-se a Jesus com a altíssima missão de lhe preparar o percurso.
São João esteve retirado no deserto para fazer a sua provação de sacrifício.
Foi João quem deu aos homens os primeiros conhecimentos sobre a divina Missão de Jesus.
Falava com a máxima veemência e dizia de Jesus que: «nem digno seria de Lhe apertar a correia da sandália».

Era filho de Isabel e Zacarias, sacerdote do Templo. O casal vivia em Paz e feliz apesar de não possuir filhos. Esperança que ocultamente acalentava.

São João Baptista é o Santo da Cidade do Porto e de outras Cidades portuguesas, reserva-lhe o seu Feriado Municipal para celebrar o dia, com enorme noitada, toda preenchida de tradições, seguidas por compacta multidão que faz uso do vinho verde, da broa e da sardinha assada com abundância, seguindo religiosamente a tradição.
Pelas ruas são vendidas ervas aromáticas aos molhinhos: Cidreira, alfazema, alfádega, «alhos porro», vasinhos de «manjerico» etc.
Há música em abundância, marchas populares, ranchos que dançam em roda e cantam quadras tradicionais e improvisadas, dedicadas ao Santo, à noitada e à animação.

Noitada esfusiante!
A noitada que é vivida intensamente por todo o Norte de Portugal sendo muitas as terras que lhe dedicaram o «padroado, «o nome», o «dia santo» ou o feriado municipal.

Os rapazes no seu bairro ou aldeia, fazem sempre uma cascata, que é um pequeno monte em barro disposto em trono coberto de musgo. Ao centro, São João preside à cascata de que fazem parte figuras minimalistas de barro pintado, pastores, carneirinhos, coreto com banda de música etc.
A cascata representa a vida quotidiana do povo em eras passadas.
A cascata de São João é o centro das Festas populares. E as cidades dedicam-lhe as maiores festas do Norte de Portugal enquanto quase todas as aldeias lhe dedicam pequenos festejos com noitada de véspera e uma grande fogueira que o povo acende ao anoitecer enquanto lança pelos ares, foguetes e fogo de artifício.
O Povo suspende pelos ares cordéis com balões iluminados e enfeites e fazem subir, balões de São João, adquiridos na mercearia próxima.


Certo dia Herodes deu uma festa que terminaria em música, bailado e grande banquete.
Como bailarina, exibiu-se Salomé a filha da mulher que Herodes roubara ao irmão.
Salomé dançou primorosamente e no fim, ao cumprimentar Herodes, este disse-lhe:
«- Foz-te inexcedível! Pede-me o que quiseres que eu te darei.»
Salomé surpreendida e não sabendo o que pedir dirigiu-se à mãe para que a ajudasse na escolha da prenda que pediria.
«-Pede-lhe a cabeça de João
Herodes, que na presença de tanta gente, não podia retroceder viu-se compelido a cumprir a promessa.
Dentro de instantes já chegava ao salão a cabeça de João numa rica salva de prata.

João, numa das suas pregações tinha verberado o procedimento de Herodes acusando-o de não de não respeitar o compromisso entre o irmão e a mãe de Salomé, Herodíade e aproveitou ocasião para exercer vingança viperina.

São João, tinha convivido com Jesus apenas na infância e não sabia se reconheceria Jesus quando Ele se apresentasse para ser baptizado; até que numa noite, em sonho lhe foi dito que durante o Baptismo Jesus se daria a conhecer.
No momento em que São João lançava a água na cabaça de Jesus, viu que o Divino Espírito Santo, em forma de pomba descia sobre Jesus e ao mesmo tempo que uma voz, vinda do Céu se fazia ouvir, dizendo:
«- Este é o meu Filho muito amado em quem pus todo o meu enlevo!»

m c santos leite

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

«Aqui para nós…!»

Via láctea”… por terras minhotas

 
Há dias, depois de passar O Convento de Vairão e a Ponte de D. Zameiro, a que já ouvi chamar “Ponte da Maia”, embrenhei-me por “Terras de Faria” a caminho da Ponte de Barcelos; O meu destino era Barcelos!
Por ali as ruas, já minhas conhecidas, não são largas. O movimento não era intenso.
Não teria prestado grande atenção à paisagem se o meu “pendura” não me fosse chamando a atenção para o encanto de paisagem, que nos rodeava.

Admirava a verdura intensa dos milheirais de folhagem novinha, enquadrada na floresta estendida, pelo horizonte, em continuidade …

Os campos ricamente murados e agricultados com luxo até, dão nota de que proprietários e propriedade são por todos devidamente respeitados.

Habitações, grandes ou pequenas, muros de quintais e jardins, irrepreensivelmente brancos e nada conspurcado com estranhos “grafitis”.
A viatura entrou num aglomerado, dos muitos que por ali há, e todos belos.
Foi grande a tentação de encostar, para ver melhor autênticos palácios e conjuntos de grandes casas, “boa traça”, impecavelmente zeladas e belos e bem cuidados jardins. Muitas reduzidas a “casas de Verão”.

Os Caminhos de Santiago são “Vias Lácteas” autênticas. Cheios de História, de lendas e de contos por contar. O Minho é Terra de leite e de deleite!
É Terra que clama por Poetas e por Pintores que dêem relevo à paisagem; clama por Músicos que explorem a extensa etnografia e folclore; a gastronomia e as canecas de vinhos irrequietos, frescos e frutados; As luminosas festas que se estendem com coloridas luzes, por todo o lado e Verão inteiro.

Sem esquecer o povo hospitaleiro trajado de cores garridas que canta e dança, seja no trabalho ou pelas romarias.
Nem o colorido dos trajes do rico folclore, nem as ornamentações coloridas dariam sentido a tantos “Zés Pereira” atroadores, a tanto despique de “bandas de música”, a atroadoras alvoradas”, ao estrelejar de fogos coloridos das noitadas que ao longe “distribuem convites” para a “ - nossa festa” se aquele povo não fosse tão acolhedor e tão amante de festas e de convívio.

Encostado à berma tentei parar uns instantes, mas a estrada, não oferecia espaço para aparcamento ínfimo que fosse; os passeios, impecavelmente arranjados, com cinquenta centímetros de largura não ofereciam a menor segurança ao pobre peão ou ao peregrino.
Foi aí que notei um peregrino de bordão e mochila, que pé no passeio, pé na estrada laboriosamente regressava de Compostela.
O passeio, dificultava o peregrinar e nada defendia do trânsito.

Vinha eu a pensar como seria agradável, ficar por ali uns tempos perdido entre tanta beleza; Banhado num mar de luz.
Pensei:
«- Será esta gente alheia ao Turismo e aos “Caminhos de Santiago”?

- Ah céus; Compreendi!
Aqui é “tanto o leite” e “tanto o mel” que nem as Autoridades se aperceberam de que a “Via Láctea” também passa ali; Pelo Minho!


mc santos leite
2014-07-17

quinta-feira, 17 de julho de 2014

«Aqui para nós…!» 4)

Guernica

Colagem de Pablo Picaço

- E se tentassem procurar a Paz com Homens de Paz…?

Grandes potências Militares, saídas da Segunda Guerra Mundial, tem procurado fazer com que lhe reconheçam um “lugar ao Sol” com a dignidade de “Potências”!
Depois de 1945 o êxito levou a persistir nos ideais de economia, de armamento e de investigação, prosseguindo a senda que os havia levado à vitória e a grandes Potências!
Prosseguindo esses objectivos, da investigação resultou a bomba atómica, a de hidrogénio, a “guerra das estrelas” e a conquista do espaço exterior.

Certo dia o Imperador Napoleão dissera perante seus generais.
« - Com as armas posso fazer tudo quanto quiser!
Ao que um dos generais replicou:
« - Nem tudo!!!
« - Como assim ... ? Inquiriu e muito irritado, o Imperador!
« - As armas não servem para que um Imperador se possa sentar nelas!!!
Napoleão tinha ouvido a verdade! Não gostou... e a conversa mudou de assunto!


  Um longínquo guerrilheiro, com suas potentes comunicações e “metralhetas”, já dá para por os cabelos de pé ... e ninguém mais pensa em sentar-se!
Armas, requerem armas. Assim, como as mais modernas não servem para construir a Paz, também as maiores Potências já nem procuram onde se possam sentar!
Se as “metralhetas” não chegam para que a guerrilha se faça ouvir .... a ”inventiva”, numa espiral de terror, recorre a armas, cada dia mais hediondas.

« - Estamos aqui! ... ainda existimos! Sofremos ..... até pela Palestina!
Não dais pela nossa presença??? Não ouvis o nosso grito???

Os dias passam, a “inventiva” cria em cada dia mais nefandas armas. Já ninguém pensa em sentar-se!
“Picaço” foi um génio!!! ... adiantou-se mais de seis décadas, ao seu tempo... Se vivesse, já teria pintado agora o esgar de outro touro, e o quadro chamar-se-ia “Onze de Setembro”!
Outro “touro”, ferido, se levantaria de olhar em fúria e ofegante … Esgravataria no chão ... Das narinas, á falta de inimigo, sair-lhe ia “pavor”.
Imóvel perante a dor e a surpresa... Esgravataria, impotente... mas não escaparia ao efeito patético da colagem picacesca! Nos nossos dias a envolvência mostra a urgência de serem encontrados Homens e caminhos de Paz, Investigadores do destino deste “caminho sem rumo”. O rumo da História, exige ponderada inflexão!

Acabarão por descobrir novos modos de estar... sem olhos permanentemente abertos sobre o horizonte, nem ouvidos sempre fitos!!!

Aguardemos o momento em que “os senhores da História” encontrem o seu cantinho de Paz e possam “sentar-se”!!!

Em dias de hoje é corrente, … ensaiar, homens de guerra para praticar caminhos de Paz! ´
Tem sido assim na Síria; na Ucrânia, na Crimeia; é assim sempre|

- E se fossem escolhidos, profissionais da Paz!
É diferente encarregar a Homens da Paz para missões de da Paz encontrar “caminhos do futuro.

m. c. santos leite


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Ana Catarina Emmerich



Anna  Catharina no seu leito de dôr em Dulmen


Biografia
Catarina Emmerich foi religiosa da Ordem de “Santo Agostinho”. Nasceu em Munster, na Alemanha em 1774 onde faleceu em 1824, em aroma de santidade.
Como escrevera a Irmã Ângela de Fátima «Postuladora da Causa da Canonização de Francisco e Jacinta Marto», no nosso blog “No Coment” : «Uns nascem para escolher, outros, nascem para ser escolhidos.» Ana Catarina Emmerich nasceu como “alma escolhida”. “ privilegiada”.
Foi batizada no próprio dia do nascimento e durante o Batismo notaram que ela seguira todos os movimentos do pároco. Passados anos ainda fazia minuciosa descrição de quanto se passara no dia do batismo.
Possuía o dom de ver os Anjos, os Santos e a SS. ma Virgem. A partir dos primeiros anos recebia conhecimentos de factos e verdades inatingíveis na sua idade e condição humilde, o que levava a que o pai lhe perguntasse:
- « Quem te ensinou essas coisas?»
- « Foi o meu Anjo da Guarda quem mo disse!»
Aos dezoito anos consagrou-se ao serviço de Deus e foi bater às portas das Ordens religiosas próximas, mas todas lhe responderam que «eram pobres e não podiam receber mais ninguém!» 
Passados dez anos foi recebida pelos “Agostinhos” no convento de Dulmen, que pouco tempo passaria mais antes de ser encerrado. Depois foi recebida em casa de uma empregada vinda do convento e que a instalara num cubículo. Por essa altura já o seu sofrer incomodava quem estivesse perto e por lá ficou até ao fim dos seus dias.
Quando todos previam próximo o seu fim, Deus começou a fazer-se sentir a resistência ao sofrimento, de Catarina.
Á semelhança de S. Francisco de Assis recebeu os “estigmas da Paixão” que sangravam abundantemente em certos dias; tantas vezes às sextas-feiras, quando os sinais eram mais visíveis, a exemplo daquilo que Jesus sofreu na Paixão.
De todas as graças recebidas de Deus, extraordinárias foram sem dúvida, as grandes visões que atraíram sobre ela as atenções dos fiéis e das autoridades.
A obscura monja agostinha, que dos pais nada mais aprendera que o cultivo da terra e a guarda de ovelhas, descrevia factos do Antigo ou do Novo Testamento, como se os tivesse presenciado; pois tudo lhe era manifestado, por Deus, com todas as particularidades dos lugares onde ocorreram e do tempo.

Com toda a minúcia descrevera a vida da Santíssima Virgem. É prodigioso o modo como descreve a Vida do Senhor e a Sua genealogia, ou o parentesco com as pessoas que acompanham a sua vida apostólica; a “Última Ceia”, a “Paixão” e muitos pontos do Evangelho. Falou de “Gabara”, de “Madalena”, das “Bem-Aventuranças”, da ressurreição de Lázaro, etc. Tudo em perfeito acordo com os Evangelistas.
São muitos factos relatados e omissos no Evangelho relatados no meio de rudes sofrimentos.

Certo dia a enferma foi visitada por Clemente Brentano, um escritor que viera a Dulmen incumbido de verificar factos muito falados pela região do Reno, e atribuídos a “Catarina Emmerich”.
Um dia “Catarina” devassou o coração de Brentano e falando-lhe dos seus “segredos de alma”, só conhecidos por Deus e por ele.
O escritor declarou-se vencido pela evidência e, tendo sido ”indiferente” até aí, passou a percorrer caminhos de salvação.
A partir daí tornou-se seu biógrafo.

 
A «PANAGUHIA CAPÚLI»
As revelações verdadeiramente assombrosas, recebidas por “Catarina Emmerich” e registadas por “Clemente Brentano”, estão traduzidas em várias línguas e, publicadas em vários volumes.  
Em Esmirna, pelos fins do século XIX havia um hospital dirigido por Irmãs de
S. Vicente de Paulo e um seminário dirigido por lazaristas.
Certo dia a chegou às mãos da directora do hospital um livro que contém as descrições de Brentano. E o livro foi enviado aos lazaristas.
Não tendo conhecimento da matéria versada no livro, os Lazaristas ficaram surpreendidos e decidiram estudar o caso, procedendo às necessárias averiguações no local para se certificar da verdade. Esmirna e Èfeso distam uma hora de comboio.
Entre os registos de “Brentano”, descrevem-se as visões de Catarina Emmerich; o reencontrar a «Panaguia Capuli» *), e a vida da Santíssima Virgem em Éfeso e Jerusalém, até ao fim dos seus dias.
À morte de Nossa Senhora chamam “dormissão da Virgem”.

Catarina Emmerich, mercê das extraordinárias revelações permitiu que ficássemos a saber que a “Virgem Maria” vivera nas proximidades de Éfeso os últimos nove anos da sua vida.
Habitou uma casa que S. João construíra para Ela, quando por ali a passara a pregar o Evangelho de Jesus.
Orientação e local onde se situa estão minuciosamente descritas, bem como os terrenos vizinhos, caminhos e distâncias que levam a «Panaghia Capuli».
No dia 27 de Julho de 1891 os Lázaros partiram em expedição para verificar
o local e tentar encontrar informações ou vestígios da casa de Nossa Senhora.
O dia da chegada ( 29/07) foi um dia abrasador e a primeira coisa que procuraram foi “água” para se dessedentar. Entretanto viram gente que trabalhava num campo e foram pedir-lhes o desejado fluído. A resposta foi «-Não tinham», mas logo um trabalhador lhes disse apontando um local onde havia uma nascente:
« - Acolá! No “Monastiri”! Acentuaram em conjunto.
Rodeada de um maciço de plátanos e rodeada de árvores, lá estava o “Monastiri” e a fonte!
Monastiri”, assim chamavam a agente da terra se referia a «Panagia Capuli»!

*) – «Panaghia Capuli», Maison de la Sainte Vierge ou «Casa Santa».

A Vida de Nossa Senhora em Éfeso
Em tempos passados, Esmirna fôra grande cidade, centro comercial da Anatólia e importante “placa giratória” das caravanas vindas do Leste asiático que aqui traficavam com os comerciantes do Ocidente.
 culto da Virgem em Éfeso, quanto me apercebo, é muito antigo e fez sempre parte do conjunto de manifestações religiosas conhecidas do Povo “Kirkindjé” *).
Este culto, hoje muito diluído pelo tempo, não impediu que os clérigos de Esmirna voltassem para confrontar a realidade com as “visões” de Catarina Emmerich” e logo se apercebessem como eram seguras as informações recolhidas, junto do Povo.
 As peregrinações, partindo de Èfeso, que se realizavam em honra de Santa Panaghia, seguiam até ao cimo da colina e eram costume tão entranhado que os oito séculos passados não tinham sido suficientes para apagar os vestígios de amor à Mãe.
A publicação que possuo, datada de 1929 e regista:
«As peregrinações que de Éfeso se faziam a Kirkindjé, ainda hoje se realizam.»

O túmulo de Gethesémani
 Quem visita os lugares Santos encontra no Vale de Josafat um pórtico, próximo do Horto das Oliveiras.
Entrando pelo pórtico e descendo íngreme escadaria, acedemos a uma gruta onde se encontra um túmulo que dizem ter sido o túmulo de “Nossa Senhora”.

As investigações
Em Esmirna havia um bom hospital da responsabilidade de das Irmãs de São Vicente de Paulo, e um seminário dirigido por Lazaristas.
Um dia chegou aos Lazaristas um livro de “Clemente Brentano”, enviado pelas irmãs de São Vicente de Paulo, que tentamos seguir, revela a passagem de Nossa Senhora por Éfeso, até que aí se Lhe findou a vida.

 A expedição
A missão atribuída ao Padre Gouyet partiu em 1891 para Éfeso, à descoberta da “Panaghia Capuli” **). Em Esmirna havia um bom e honesto homem, natural de “Kirkindjé”, local onde fica a Panaghia, e que já tinha informado o bispo das tradições do seu tempo.
A missão, ao dirigir-se a Éfeso, passou pelo bispado. O bispo ouviu-os atentamente e disse-lhes:
- Estais no bom caminho é exactamente isso quanto averiguei e aquilo que penso!
O pequeno grupo partira de Esmirna, procurando investigar no terreno, os conhecimentos ainda existentes e confrontá-los com as revelações de Catarina Emmerich.
Chegaram ao local da Casa da Virgem debaixo de um Sol abrasador, apoderou-se deles a sede e recorreram a um grupo de trabalhadores do campo pedindo-lhes água:
- Que não tinham, mas que havia uma fonte… além.
E apontavam um conjunto de árvores para onde o grupo logo se dirigiu. As árvores escondiam a fonte e a “Panaghia Capuli” procurada.
Depois surgiram várias opiniões entre as hipóteses da “dormição” da Virgem se ter verificado no “Vale de Josafat” ou em “Éfeso”.
A dúvida persistiu até que a revelação de um documento conciliar de Éfeso do século V, definiu o local da “dormição da Virgem”, em Éfeso.
Sendo esta a opinião até hoje mais seguida.  

*) - Kirkindjé. Povo Kirkindjé ou habitante de localidade próxima de Èfeso.
**) – Panaghia Capúli  ou “Casa da S.S. Virgem”
 m. c. santos leite

sábado, 1 de março de 2014

Mensagem de Fátima

A Mensagem de Fátima é um convite e uma escola de salvação. Foi iniciada pelo Anjo da Paz (1916) e completada por Nossa Senhora (1917).
Foi vivida, de maneira heróica, pelos trés pastorinhos.

A Mensagem de Fátima, que é o Evangelho, sublinha os seguintes pontos:
- a conversão permanente;
- a oração e nomeadamente o terço;
- o sentido da responsabilidade colectiva e a prática da reparação.

A aceitação desta Mensagem traz consigo a Consagração ao Coração Imaculado de Maria, que é o simbolo de um compromisso de fidelidade e de apostolado.

As orações ensinadas em Fátima pelo Anjo e por Nossa Senhora ajudam a viver a Mensagem, que, como disse João Paulo II, é a conversão e a vivência na graça de Deus (Fátima, 1982).

sábado, 28 de dezembro de 2013

PAPA FRANCISCO «Educar na Harmonia!»


Um mundo de ilegalidades. (Capº 19)

O Novo Papa, “Mário Bergoglio”, no livro, “Só o Amor nos Salvará” recentemente dado à estampa procura dar a conhecer as dificuldades que gostaria de ver terraplanadas durante o pontificado que auspiciosamente iniciou.

As comparações que estabelece são muito apropriadas e sugestivas: «educar na harmonia», está no centro das preocupações.

Ao percorrer a Cidade de Buenos Aires depara-se, por vezes com grandes edifícios que podem ser escolas, liceus universidades, etc. Isso é motivo para que pense nos métodos de ensino praticados, e avalia também o grau de eficácia, do qual a sociedade argentina beneficiará ou não, para seu bem estar.

Os grandes edifícios não deixarão de lhe sugerir grandes fábricas, modernamente equipadas e de alto rendimento.

«Fábricas modernas e de alto rendimento» sugerem-lhe o lado quantitativo. Governo e responsáveis preocupados com a quantidade esqueciam a qualidade! E isso deixava-o triste!

Os edifícios das escolas lembravam-lhe imensas fábricas de pão; «pão industrial!»

Lembravam-lhe os tempos em que lá em casa se cozia:

- Forno aceso; deixava-se esquentar.

- Lembrava-se dos cuidados que havia no amassar à mão. Farinha, bem escaldada; juntava-se o fermento e, amassava-se!

- “É no bem amassar que se faz melhor pão.”

- Recolhia-se a fornada a um lado da maceira e alisava-se a superfície para que se notasse o rachinar da levedura;

- «Fazia-se lhe uma Cruz;»

- «Havia uma oração apropriada»;

- «Cobria-se com “o saco de linho da fornada” e ficava um tempo a levedar.»

- Forno aceso; deixava-se esquentar;

- Só estava bem aquecido quando a “pestana do forno” se tornasse branca.

Era grande a sintonia entre o progresso do levedar e o aquecimento do forno.
Levar a massa ao forno parava a levedura. Quem cozia sabia “sentir” o momento exacto de “meter o pão”.

E comparava o pão caseiro… amassado à mão, com todo o amor! Cozido em forno a lenha! Recordava-se do paladar! Era pão que durava de uma semana até à outra e nada se perdia!

Lembrava-se das escolas de aldeia, com a sua mestra!

Naqueles tempos, os santos da terra, «e até os de casa!»… faziam milagres!

Naqueles tempos, «era com o amor que se faziam os milagres!»

PAPA FRANCISCO “Só o Amor Nos Salvará”


Um mundo de ilegalidades. (Capº 19)

Francisco, o Papa “Jorge Mário Bergoglio” fez publicar em Abril do ano corrente, o livro “Só o Amor nos Salvará” em que procura dissecar o panorama da terra que lhe confiaram «para semear»; sendo muito natural que encontre semeadores que o compreendam e as «façam produzir.»

O Papa Francisco procurará, naturalmente combater algumas das várias assimetrias que presenciou. A Cidade de Buenos Aires da qual foi bispo não podia escapar à sua perspicaz investigação e logo nos encontramos face aos “40 mil cartoneros”. (Homens que recolhem, pelas ruas caixas de cartão, para reciclar.»

Um exército de “40 mil cartoneros”, onde se incluirão muitas mulheres e muitas crianças; gente pobre, esfarrapada e faminta, por força havia de chamar a atenção do Bispo Bergoglio que não esconde que a maioria do Povo é pobre, e que mais de metade, são crianças.

Para transportar o cartão, os “cartoneros” começaram por utilizar carroças puxadas por cavalos.

Entretanto os edis fizeram sair uma portaria proibindo que, na cidade fossem proibidos transportes de tracção animal e que os transportes que aparecessem em contravenção, seriam confiscados!

A ordem era a valer! Teria de ser cumprida!

Os cartoneros, de qualquer modo, ainda que fosse “em contra vento e maré”, teriam de recolher cartão e entregá-lo ao comprador, para que pelas famílias, houvesse que comer.

Não havendo outro remédio, saíram os adultos a puxar as carroças e as mulheres a empurrar e as crianças a recolher o cartão e a ajudar a empurrar a carroça!

E o «snr. Cavalo» levou a melhor sobre o homem que, hoje desempenha funções de “animal”, sem que «tal qualidade lhe seja reconhecida!»   


Depois que saiu o edital os, cavalos ficam-se lá pelas “pampas” a saborear as tenras pastagens argentinas, enquanto o “homem” lá se entende com a tracção da carroça!

Sendo o Homem um animal, segundo a Portaria, continua a ilegalidade com a tracção humana, porque o Homem «não deixa de ser animal.»

Por tudo isso que achei sábio e justo o título do livro, “SÓ O AMOR NOS SALVARÁ”.









terça-feira, 24 de dezembro de 2013

CACHADINHA! Onde vai o teu cantar?


Tinham já passados uns anos depois que numa noitada das Feiras Francas ali encontrei o alegre cantar de José Cachadinha e o desafio da concertina.

Numa Segunda-Feira, dei uma volta pelo belo centro histórico de Ponte de Lima.
Procurei naquele pequeno largo a tasca do Senhor José Cachadinha e, qual não foi o meu espanto, ao dar com tudo fechado estranhando, inquiri e logo me puseram ao corrente e contaram-me a saga de José Cachadinha!!!




O que seria de ti, Ponte de Lima, sem as tuas concertinas? Que fazer da Ribeira Lima sem cantadeiras! Oh Minho da música, da dança e da animação… para onde irias sem folclore?
Esta inesquecível Ribeira Lima colorida, bem cantada e tocada e bem saboreada… só visto!
Ribeira alegre! Campos de verdura fresca como a alegria do vinho verde, saltitante!
Gente esforçada e generosa… cantadores que melhor cantam quando a “voz” mais lhes dói!
Os tocadores só emudecem quando os braços já mal podem dar à concertina!
A gente do Minho é assim! Vai de roda. Vai em frente e nem a generosidade não se lhe acaba! Vai até mais não poder!

Zé! Fizeste falta!
O Minho ainda precisava muito de ti!
O que será da Ribeira Lima se não houver quem a cante?
O que será de ti, Ponte de Lima sem as tuas concertinas!?!

- Canta sempre Zé!
Quem canta seu mal espanta!
- Canta Zé”! Faz falta o teu cantar!!!




A cantar também se chora.
Pela tua Ribeira Lima, parece ouvir-se ainda teu cantar.

Canta Zé!!! Canta Cachadinha!
Podes cantar de contente!
Era alegre o teu cantar…

mc santos leite









S. ROSENDO


S. Rosendo foi, em todos os tempos, o homem que mais se destacou, entre os nascidos nas Terras da Maia. *)

A Reconquista e a Fundação do Reino deram motivos a que muitos homens, de modo notável se ilustrassem pelas armas e pela diplomacia, dando grandiosas provas da própria valia e da grandeza do seu Povo.
Pensamos em Gonçalo Mendes da Maia que pelejou durante décadas até entregar a vida aos 93 anos, escorraçando os mouros lá pelo Alentejo!

S. Rosendo nasceu em 907 em S. Miguel do Couto segundo alguns, segundo outros em Monte Cordova, hoje Santo Tirso.
Era descendente gente de sangue azul, aparentada com a Casa Real asturo leonesa Família de guerreiros, políticos célebres, de santos e de rainhas! Filho de Guterres Mendes e de D. Ilduara, senhora notavelmente bondosa falecida em odores de santidade.
Foi filho muito desejado pela mãe, que não conseguiu vingar nenhum dos vários anteriores e que nesse sentido continuamente impetrava a intervenção de S. Miguel.
Foi baptizado na igreja de S. Miguel do Couto que então se acabava de construir.

Ingressando na vida eclesiástica muito novo, foi logo notado pela sua fé, firmeza de carácter e bondade. Logo aos dezoito anos foi elevado ao bispado
e nomeado Bispo de Mondonhedo, na Galiza, onde se refugiaram os Bispos do Porto, quando os árabes perigosamente se aproximavam.
José Matoso diz que o bispo do Porto, se refugiara em Mondonhedo enquanto que o de Braga foi para Lugo!
S. Martinho de Dume, que teve responsabilidades sobre a disciplina conventual e episcopal no noroeste peninsular, foi o primeiro bispo a refugiar-se em Mondonhedo e S. Rosendo, a seu tempo, viria a suceder-lhe nesse mesmo cargo e daí a enorme influência que viria a assumir nestas vasta área entre o mar Cantábrico e o Rio Douro.


Foi o fundador do Mosteiro de Celanova, fundado em terrenos da família e aí viveu e se encontra sepultado - numa urna em prata num nicho da tribuna do altar-mor da igreja do Convento.
Faleceu a 1.03.977.


Mosteiro de Cela nova impressiona estrondosamente pela imponência da sua frontaria clássica construída em granito ourensano, adusto e dourado. Tem três naves de dimensões e características possantes das naves das nossas sés. Não lhe faltando o riquíssimo e belo claustros barroco também de granito profusamente trabalhado de que sobressaem pesadas colunas torsas.
No interior a talha esculpida em ornato de inexcedível folhagem e revoltas, belamente dourada com os proventos do México e doutras terras dos tempos áureos de mil e quinhentos.
O minúsculo e preciosíssimo oratório de S. Rosendo, uma deliciosa capelinha do século X em estilo moçárabe de que sobressai o "mirab" e que tão bem emparelha com a nossa, mais recente, de S. Frutuoso de Montélios, perto de Braga, fazem da visita, momento de eleição a não mais esquecer.


S. Rosendo manteve a esperança de se retirar para Celanova e acabar aí os dias entre os seus monges; Por isso resignou muito cedo das suas funções episcopais.
Celanova professava uma Regra muito próxima da de S. Bento que era e é tida por psicólogos e médicos como uma regra benigna, saudável e que permite aos monges em boa forma física e mental.

O cargo de responsável máximo por esta vasta ária eclesiástica levou a que tivesse sido várias vezes encarregado pelo rei que sempre o chamava quando nobres ou prelados se achavam divididos, como pacificador, governador e o seu prestígio levara-o a desempenhar cargos pontuais importantes em tempos difíceis.
De uma vez o bispo de Iria e S. Tiago, Sisnando II, tinha sido preso, tempos antes por ordem do rei.
Uns tempos depois os Normandos ameaçavam assolar a Ria de Arousa. A invasão maior foi a de 968. Na imergência o rei ordenou a S. Rosendo que se dirigisse sem demora a Compostela, onde assumiu as responsabilidades do bispo destituído e desbaratou os nórdicos. Entretanto o rei morreu e o bispo Sianando vendo-se restituído à liberdade correu a Santiago onde se encontrava S. Rosendo.
Era noite quando entrou pela Catedral, de espada em punho, dirigindo-se ao local onde S. Rosendo se encontrava a descansar com os seus homens - diz-se que nem genuflectiu quando à passagem pelo sacrário! Com a ponta da espada retirou as mantas que cobriam o santo e logo lhe impôs:
Ou renuncias ao bispado ... ou morres já!
Meio aturdido com a surpresa S. Rosendo respondeu:
- Quem com ferros mata, com ferros morre!... e sem demora dirigiu-se a Celanova.
 Sisnando viria a morrer dias depois, vitimado por uma seta, quando novamente procurava defender-se dos Viking´s.
Daí que povo tomou a célebre frase de S. Rosendo como profética; aumentando a admiração geral pelo Santo.


S. Rosendo estava ainda no vigor dos anos quando constou ao rei de Leão que os infiéis irrompendo do Sul com forças poderosas se dirigiam à Galiza.
Quando S. Rosendo recebeu então ordens expressas do rei para mobilizar tudo aquilo que fosse possível e se dirigisse sem demora a por travão à marcha dos invasores.
S. Rosendo era verdadeiramente o único homem que o rei de Leão dispunha com prestígio e capacidade de recrutar rapidamente um exército minimamente capaz de se opor aos infiéis!
 Expedindo ordens rápidas por todo o reino e sem perda de tempo marcharam para Sul, muito provavelmente para esta região ao Norte do Douro e como pode lá foi cortando o passo ao temível inimigo; que embora mais possante e numeroso estava exausto e se afastava das suas bases enquanto que combatia um pequeno exército, mais apoiado pela população, que crescia à medida que retirava.
Vendo o avanço no terreno cada vez mais dificultado o agareno desistiu antes que ultrapassasse o Rio Minho.
Os mouros não foram vencidos em combate, mas o facto de S. Rosendo ter impedido que ultrapassassem o Rio Minho foi tido por todos mais que uma grande vitória como um grande milagre.

*)- A Terra da Maia ia do Minho ao Rio Tâmega.