Anna Catharina no seu leito de dôr em Dulmen
Biografia
Catarina Emmerich foi religiosa
da Ordem de “Santo Agostinho”. Nasceu em Munster, na Alemanha em 1774 onde
faleceu em 1824, em aroma de santidade.
Como escrevera a Irmã Ângela de
Fátima «Postuladora da Causa da Canonização de Francisco e Jacinta Marto», no
nosso blog “No Coment” : «Uns nascem para
escolher, outros, nascem para ser escolhidos.» Ana Catarina Emmerich nasceu
como “alma escolhida”. “ privilegiada”.
Foi batizada no próprio dia do nascimento e durante o Batismo notaram que ela seguira todos os movimentos do
pároco. Passados anos ainda fazia minuciosa descrição de quanto se passara no
dia do batismo.
Possuía o dom de ver os Anjos, os
Santos e a SS. ma Virgem. A partir dos primeiros anos
recebia conhecimentos de factos e verdades inatingíveis na sua idade e condição
humilde, o que levava a que o pai lhe perguntasse:
-
« Quem te ensinou essas
coisas?»
-
« Foi o meu Anjo da Guarda quem mo
disse!»
Aos dezoito anos consagrou-se ao
serviço de Deus e foi bater às portas das Ordens religiosas próximas, mas todas
lhe responderam que «eram pobres e não
podiam receber mais ninguém!»
Passados dez anos foi recebida
pelos “Agostinhos” no convento de Dulmen, que pouco tempo passaria mais antes de
ser encerrado. Depois foi recebida em casa de uma empregada vinda do convento e
que a instalara num cubículo. Por essa altura já o seu sofrer incomodava quem
estivesse perto e por lá ficou até ao fim dos seus dias.
Quando todos previam próximo o
seu fim, Deus começou a fazer-se sentir a resistência ao sofrimento, de
Catarina.
Á semelhança de S. Francisco de
Assis recebeu os “estigmas da Paixão” que sangravam abundantemente em certos
dias; tantas vezes às sextas-feiras, quando os sinais eram mais visíveis, a
exemplo daquilo que Jesus sofreu na Paixão.
De todas as graças recebidas de
Deus, extraordinárias foram sem dúvida, as grandes visões que atraíram sobre ela
as atenções dos fiéis e das autoridades.
A obscura monja agostinha, que
dos pais nada mais aprendera que o cultivo da terra e a guarda de ovelhas,
descrevia factos do Antigo ou do Novo Testamento, como se os tivesse
presenciado; pois tudo lhe era manifestado, por Deus, com todas as
particularidades dos lugares onde ocorreram e do tempo.
Com toda a minúcia descrevera a
vida da Santíssima Virgem. É prodigioso o modo como descreve a Vida do Senhor e
a Sua genealogia, ou o parentesco com as pessoas que acompanham a sua vida
apostólica; a “Última Ceia”, a “Paixão” e muitos pontos do Evangelho. Falou de
“Gabara”, de “Madalena”, das “Bem-Aventuranças”, da ressurreição de Lázaro, etc.
Tudo em perfeito acordo com os Evangelistas.
São muitos factos relatados e
omissos no Evangelho relatados no meio de rudes
sofrimentos.
Certo dia a enferma foi visitada
por Clemente Brentano, um escritor que viera a Dulmen incumbido de verificar
factos muito falados pela região do Reno, e atribuídos a “Catarina
Emmerich”.
Um dia “Catarina” devassou o
coração de Brentano e falando-lhe dos seus “segredos de alma”, só conhecidos por
Deus e por ele.
O escritor declarou-se vencido
pela evidência e, tendo sido ”indiferente” até aí, passou a percorrer caminhos
de salvação.
A partir daí tornou-se seu
biógrafo.
A
«PANAGUHIA CAPÚLI»
As revelações verdadeiramente
assombrosas, recebidas por “Catarina Emmerich” e registadas por “Clemente
Brentano”, estão traduzidas em várias línguas e, publicadas em vários volumes.
Em Esmirna, pelos fins do século XIX havia um hospital dirigido
por Irmãs de
S. Vicente de Paulo e um
seminário dirigido por lazaristas.
Certo dia a chegou às mãos da
directora do hospital um livro que contém as descrições de Brentano. E o livro
foi enviado aos lazaristas.
Não tendo conhecimento da matéria
versada no livro, os Lazaristas ficaram surpreendidos e decidiram estudar o
caso, procedendo às necessárias averiguações no local para se certificar da
verdade. Esmirna e Èfeso
distam uma hora de comboio.
Entre os registos de “Brentano”,
descrevem-se as visões de
Catarina Emmerich; o reencontrar a «Panaguia Capuli»
*), e a vida da Santíssima Virgem em Éfeso e Jerusalém, até ao fim dos seus
dias.
À morte de Nossa Senhora chamam
“dormissão da Virgem”.
Catarina Emmerich, mercê das
extraordinárias revelações permitiu que ficássemos a saber que a “Virgem Maria”
vivera nas proximidades de Éfeso os últimos nove anos da sua
vida.
Habitou uma casa que S. João
construíra para Ela, quando por ali a passara a pregar o Evangelho de
Jesus.
Orientação e local onde se situa estão minuciosamente descritas, bem como
os terrenos vizinhos, caminhos e distâncias que levam a «Panaghia
Capuli».
No dia 27 de Julho de 1891 os
Lázaros partiram em expedição para verificar
o local e tentar encontrar
informações ou vestígios da casa de Nossa Senhora.
O dia da chegada ( 29/07) foi um dia abrasador e a primeira coisa que
procuraram foi “água” para se dessedentar. Entretanto viram gente que trabalhava
num campo e foram pedir-lhes o desejado fluído. A resposta foi «-Não
tinham», mas logo um trabalhador lhes disse apontando um local onde
havia uma nascente:
«
-
Acolá! No “Monastiri”! Acentuaram em
conjunto.
Rodeada de um maciço de plátanos
e rodeada de árvores, lá estava o “Monastiri” e a
fonte!
“Monastiri”, assim chamavam a agente da terra se referia a «Panagia Capuli»!
*) – «Panaghia Capuli», Maison de la Sainte Vierge ou «Casa
Santa».
A Vida
de Nossa Senhora em Éfeso
Em tempos passados, Esmirna fôra grande cidade, centro
comercial da Anatólia e importante “placa giratória” das caravanas vindas do
Leste asiático que aqui traficavam com os comerciantes do
Ocidente.
culto da Virgem em
Éfeso, quanto me apercebo, é muito antigo e fez sempre parte do conjunto de
manifestações religiosas conhecidas do Povo “Kirkindjé” *).
Este culto, hoje muito diluído
pelo tempo, não impediu que os clérigos de Esmirna
voltassem para confrontar a realidade com as “visões” de Catarina Emmerich” e
logo se apercebessem como eram seguras as informações recolhidas, junto do
Povo.
As peregrinações, partindo de Èfeso, que se realizavam em honra de Santa Panaghia,
seguiam até ao cimo da colina e eram costume tão entranhado que os
oito séculos passados não tinham sido suficientes para apagar os vestígios de
amor à Mãe.
A publicação que possuo, datada
de 1929 e regista:
«As
peregrinações que de Éfeso se faziam a Kirkindjé,
ainda hoje se realizam.»
O
túmulo de Gethesémani
Quem visita os lugares Santos encontra no Vale
de Josafat um pórtico, próximo do Horto das
Oliveiras.
Entrando pelo pórtico e descendo
íngreme escadaria, acedemos a uma gruta onde se encontra um túmulo que dizem ter
sido o túmulo de “Nossa Senhora”.
As
investigações
Em Esmirna havia um bom hospital da responsabilidade de das
Irmãs de São Vicente de Paulo, e um seminário dirigido por
Lazaristas.
Um dia chegou aos Lazaristas um
livro de “Clemente Brentano”, enviado pelas irmãs de São Vicente de Paulo, que
tentamos seguir, revela a passagem de Nossa Senhora por Éfeso, até que aí se Lhe
findou a vida.
A
expedição
A missão atribuída ao Padre Gouyet partiu em 1891 para Éfeso, à descoberta da “Panaghia
Capuli” **). Em Esmirna havia um bom e honesto homem,
natural de “Kirkindjé”, local onde fica a Panaghia, e
que já tinha informado o bispo das tradições do seu
tempo.
A missão, ao dirigir-se a Éfeso,
passou pelo bispado. O bispo ouviu-os atentamente e
disse-lhes:
-
Estais no bom caminho é exactamente isso quanto averiguei e aquilo que
penso!
O pequeno grupo partira de Esmirna, procurando investigar no terreno, os conhecimentos
ainda existentes e confrontá-los com as revelações de Catarina
Emmerich.
Chegaram ao local da Casa da
Virgem debaixo de um Sol abrasador, apoderou-se deles a sede e recorreram a um
grupo de trabalhadores do campo pedindo-lhes água:
-
Que não tinham, mas que havia uma fonte… além.
E apontavam um conjunto de
árvores para onde o grupo logo se dirigiu. As árvores escondiam a fonte e a
“Panaghia Capuli” procurada.
Depois surgiram várias opiniões
entre as hipóteses da “dormição” da Virgem se ter
verificado no “Vale de Josafat” ou em
“Éfeso”.
A dúvida persistiu até que a
revelação de um documento conciliar de Éfeso do século V, definiu o local da
“dormição da Virgem”, em
Éfeso.
Sendo esta a opinião até hoje
mais seguida.
*) -
Kirkindjé. Povo Kirkindjé ou
habitante de localidade próxima de Èfeso.
**) –
Panaghia Capúli – ou “Casa da S.S.
Virgem”
m.
c. santos leite